Escravidão negra em São Paulo e no Brasil

Vanessa Edna do Carmo Candido,

Elisabete Macedo Rocha Xavier,

Maria Célia Menezes de Moura e

Fernanda de Santana Santos.

Escravidão

MAPA

As rotas do tráfico de escravos africanos para as Américas e Brasil. S. ref.

A presença dos povos africanos no Brasil data dos momentos iniciais da história do país. Os primeiros africanos chegaram entre 1550 e 1551 (séculos XVI e o XVII), durante o governo de Tomé de Sousa e se concentraram principalmente na região nordeste no território.

Os escravos eram trazidos principalmente ao Nordeste para a atividade açucareira, sobretudo para fazendas na Bahia e em Pernambuco. Em menos número eram enviados ao Pará, Maranhão e Rio de Janeiro. No final do século XVII, a descoberta do ouro na província de Minas Gerais eleva o volume do tráfico, que passa a levar os cativos para a região das minas. No século XVIII, o ouro sucede o açúcar na demanda de escravos, o café substitui o ouro e o açúcar no século XIX.

O mapa nos mostra a rota do tráfico dos negros para as Américas.

 

Problematizando:

  1. Identifique os continentes que aparecem nos mapas.
  2. Utilizando um mapa mundi atual, cite os países atuais que faziam parte da rota de escravos.
  3. Porque as rotas eram direcionadas somente para esses países?
  4. Será que nos outros países não existia mão-de-obra escrava?

Navio negreiro_porão

RUGENDAS, Johann Moritz, s. ref.

 

Provenientes de diferentes regiões africanas, os escravos eram trazidos pelos portugueses, sendo transportados em suas caravelas vindas da África. Os holandeses também realizavam o tráfico de escravos para o Brasil. O número de escravos embarcados dependia da capacidade da embarcação. Nas caravelas, os portugueses transportavam até 500 cativos. Um pequeno navio podia transportar até 200 escravos, um navio grande até 700.

A bordo, todos os escravos eram marcados a ferro no ombro ou na coxa. Embarcados, os cativos são acorrentados até que se perca de vista a costa da África. Os navios negreiros embarcavam mais homens do que mulheres. O número de crianças era inferior, de 3% a 6% dos embarcados.

Assim que chegavam ao Brasil os escravos eram vendidos para grandes proprietários de terras. Tinham de trabalhar, principalmente, nas plantações de cana-de-açúcar e no processo de produção do açúcar.

transporte de escravos O transporte de escravos, s. ref.

O transporte de escravos para o Brasil a bordo dos navios negreiros não oferecia a boas condições higiênicas, pois devido à falta de água e de alimentos estragados; velhos, jovens, homens, mulheres e crianças pareciam miseravelmente na travessia, e algumas vezes quando navios corsários ou de caçadores de transporte de escravos abordavam o barco negreiro a carga de negros eram lançadas ao mar, quando não era possível alojados todos em seus navios.

A espantosa cifra de casos fatais entre os negros escravos durante o transporte para o Brasil os quais eram alojados em angustioso aperto nas entre cobertas das embarcações forçou aos holandeses a providenciar um melhor tratamento e solicitaram aos agentes compradores da Companhia das Índias Ocidentais em Elmina e São Paulo de Luanda que organizassem o comércio de escravos nos mesmos moldes dos portugueses.

 

Problematizando:

– Observando as pinturas do transporte de negros, responda as questões abaixo:

  1. Como era feito o transporte dos negros?
  2. Como eram as condições de higiene durante as viagens nos navios negreiros? Explique.
  3. Como era a estrutura do navio? Considera que possuía espaço suficiente para acomodar todos os negros? Descreva as condições dentro dos porões.
  4. Porque os negros eram castigados a bordo dos navios?

MarcFerrezV_cafe Escravos na colheita do café. Marc Ferrez, 1882, Rio de Janeiro.

 

Escravo: é todo aquele que está sujeito a um senhor e é tido como sua propriedade. Assim, um escravo não tem liberdade para fazer o que quer, pois deve obediência a seu senhor. Normalmente, um escravo não conta com qualquer forma de proteção, pode ser vendido, trocado ou doador por seu proprietário. Pode ser severamente punido por meio de castigos físicos (como a flagelação) ou mesmo pela pena de morte.

A mão de obra escrava também era empregada em trabalhos necessários à vida cotidiana, tais como o cultivo de roças, a criação de animais, o serviço doméstico, etc.

Entre o final do século XVII e o início do século XVIII, o trabalho dos escravos africanos foi também muito utilizado na mineração do ouro e dos diamantes. Durante boa parte do século XIX, muitos escravos trabalharam nos cafezais das regiões do Vale do Paraíba e do Oeste Paulista.

 

senzala

Senzala, S. ref.

 

Além do espaço destinado ao plantio e beneficiamento da cana-de-açúcar, havia, nas grandes propriedades, a casa grande – moradia do senhor e da sua família – e as senzalas, alojamentos coletivos destinados a acomodar os escravos.

 

RUGENDAS-PEQUENA-MOENDA-PORTATIL

Pequena moenda portátil. Johann Rugendas, Século XIX.

 

Entretanto, as péssimas condições de vida e trabalho a que eram submetidos muitos dos escravos geraram várias formas de resistência à escravidão. Entre as mais conhecidas, citam-se as rebeliões e a formação dos quilombos, dos quais o mais famoso foi o Quilombo de Palmares.

A palavra quilombo, de acordo com o dicionário da Língua Portuguesa, pode significar “local escondido, geralmente no mato, onde se abrigavam escravos fugidos” ou “povoação fortificada de negros fugidos do cativeiro, dotada de divisões e organização interna”.

 

debret-introducao

Vendedores de Capim e Leite. Jean Baptiste Debret (1768 – 1848).

 

A partir de meados do século XVIII, com o crescimento da população das cidades, os escravos passam a ser utilizados em outros trabalhos. Muitas escravas dedicam-se aos serviços domésticos e ao pequeno comércio: as quitandeiras, por exemplo, chegam a comprar sua alforria (liberdade) ou a de seus filhos com o dinheiro que obtêm.

Pelas ruas das cidades há também a presença dos escravos de ganho, ou seja, escravos que trabalham como alfaiates, sapateiros, carpinteiros, carregadores ou vendedores ambulantes e entregam o dinheiro ganho a seus senhores.

 

O_jantar_no_Brasil,_Jean-Baptiste_Debret

Um jantar no Brasil, Jean Baptiste Debret, 1827.

Com o tempo, os africanos foram se integrando à sociedade brasileira. A miscigenação tendeu a crescer. A fusão de elementos da religião católica com ritos africanos deu origem a uma religiosidade popular em torno das irmandades católicas e dos terreiros da Umbanda e do Candomblé.

LEI AUREA Lei Aúrea declara extinta a escravidão no Brasil, s. ref.

Em 13 de maio de 1888, a assinatura da chamada Lei Áurea declarou extinta a escravidão no Brasil. No entanto, muitos de seus traços – geralmente negativos, como o preconceito racial – permanecem na sociedade brasileira. Atualmente, há um esforço, movido pelo governo brasileiro e por diversos setores da sociedade, que visa combater o preconceito e promover a igualdade racial.

 

Problematizando:

  1. Explique a seguinte afirmação: “A ambição de alguns chefes africanos, estimulada pelos comerciantes europeus, fez da África um campo de guerra permanente”.
  2. Comente a seguinte afirmação: “Sem violência não há escravidão”.
  3. O que aconteceu com os africanos e seus descendentes a partir do crescimento da população urbana?
  4. Escolha uma das imagens e crie uma história a partir dos seus conhecimentos e suas observações sobre a vida dos negros na sociedade brasileira do século XIX.

DESEMBARQUE DE ESCRAVOS VINDOS DA ÁFRICA

RUGENDAS, Johann Moritz. Desembarque de Escravos Negros vindos da África, SP. Biblioteca Municipal.

 

Em 1630 podemos observar embarcações com menor capacidade. Com a Companhia Geral do Comércio do Brasil a coroa portuguesa percebeu que precisava enviar escravos em grande quantidade ao Brasil. A solução era sobrecarregar os navios já em uso, que em sua grande maioria eram de baixa capacidade.

O negro era tão desprezado, que na imagem um urubu vem recepcioná-lo.

 

Problematizando:

Observe atentamente a pintura de Rugendas e responda:

  1. Como era feito o desembarque dos negros?
  2. Tinha alguma segurança?
  3. O que representa a figura do urubu em cima do barco?
  4. As roupas dos negros africanos e dos brancos europeus eram semelhantes? Por quê?

Muitos donos de escravos, não os utilizavam apenas no serviço doméstico. Para aumentar seus rendimentos, empregavam seus escravos como “negros de ganho” e “negros de aluguel”. Os negros de ganho trabalhavam nas ruas, sendo obrigados a dividir com os senhores o que ganhavam. Os negros de aluguel eram alugados a outras pessoas, a quem prestavam serviços. Uns vendiam de porta em porta todo tipo de mercadoria: aves, verduras, legumes, doces, licores, etc.; outros armavam seus tabuleiros em esquinas movimentadas, nas escadarias das igrejas e nas praças, oferecendo aos gritos os artigos à venda.

Essa utilização dos escravos rendia um bom lucro aos seus senhores e, por isso, alguns deles chegavam a ter mais de quarenta escravos nessas condições.

Problematizando:

  1. Após observar as imagens responda:
  2. Porque os negros trabalhavam no comércio ambulante?
  3. Descreva as vestimentas dos personagens da imagem. Porque estão vestidos desta maneira?
  4. O que representam as cores das vestimentas dos negros?
  5. Porque nem todos os negros aparecem de sapato?
  6. Os escravos recebiam algum lucro com este trabalho?
  7. Porque a criança está ao lado da mãe?
  8. Quando a criança negra iniciava o trabalho escravo?

o grande povoador

KOSTERT, Henry. Engenho de Cana.

O certo negro (quer escravo, quer livre) foi o grande povoador do nosso território, empregando o seu trabalho desde as charqueadas do rio Grande do Sul aos ervais do Paraná, engenhos e plantações do Nordeste, pecuária na Paraíba, atividades extrativas na Região Amazônica e na mineração de Goiás de Minas Gerais. E não apenas povoou, mas criou pequenas comunidades rurais em todo território nacional através de quilombos, fundando núcleos populacionais, muitos dos quais existem até hoje. Ocupou os espaços sociais e econômicos que através do seu trabalho, dinamizavam o Brasil. No entanto, esse fato não contribuiu em nada para que o negro consiga um mínimo dessa renda em proveito próprio. Pelo contrário. Toda essa produção é enviada para o exterior, e os senhores de escravos ficam com todo o lucro da exportação e comercialização. Após 1530, quando se pode falar realmente em colonização, com engenhos montados em São Vicente, iremos encontrar um dinamismo crescente na produção colonial brasileira. No século XVI a nossa produção anual de 300.000 arrobas de açúcar, já era superior a América espanhola, o que daria uma renda per capita das mais altas do Brasil em todos os tempos. A grande população negra escrava não participava da divisão desta riqueza.

 

Problematizando:

Segundo o texto durante o engenho da cana para produção do açúcar, os trabalhadores eram controlados por mestres de açúcar.

  1. Esse mestre seria um dos ex-escravos (um trabalhador livre) ou o capanga do dono do engenho?
  2. As terras dos donos de engenho eram produzidas somente cana – de açúcar ou havia outros plantios?
  3. E se havia, porque eles não investiam também com lucro?
  4. Como eram suas alimentações? Era do próprio plantio ou a partir do lucro do engenho, compravam alimentos para seu sustento?
  5. Os escravos no final de seu trabalho, seguindo as ordens de seu dono, o que eles recebiam em troca de seu serviço? Será que eram pagos em dinheiro ou em mercadoria?

Minerações

RUGENDAS, Johann Moritz. Minerações. BMSP.

Os mineradores não ficavam com todo o ouro que encontravam. Parte desse ouro era entregue para Portugal na forma de impostos que os mineradores eram obrigados a ar. Portugal cobrava vários impostos.

Problematizando:

  1. Durante a mineração em Minas Gerais, a maior parte da população era formada de escravos negros. Será que eles recebiam pagamento por seu serviço ou tinham direito por uma pequena parte do minério extraído?
  2. Porque os mineradores tinham que pagarem impostos para os portugueses quando extraiam o ouro?
  3. A cobrança de impostos pelas autoridades portuguesas causava revolta nos mineradores? Por quê?
  4. Porque o governo Português cobrava imposto dos mineradores?

extração de diamante

Sem Ref. Escravos na extração de diamantes.

Com a descoberta das minas de ouro e pedras preciosas pelos bandeirantes, passou a ser desenvolvida uma nova atividade econômica: a mineração.

Essa atividade levou o povoamento para o interior da Colônia, porque promovia a cobertura de caminhos ligando a região das minas a outras áreas e também porque incentivava o crescimento dos vilarejos onde era explorado o ouro. Os exploradores não ficavam com todo o ouro que extraiam.

Em Minas Gerais a maior parte da população era formada de escravos negros. Eram eles que realizavam o trabalho de extração do ouro para os mineradores. Quando o ouro ainda era extraído do leito dos rios, o chamado ouro de aluvião, o trabalho ainda era suportável. No entanto, com o rápido esgotamento das jazidas, o ouro teve de ser buscado nas galerias subterrâneas. Esse novo tipo de trabalho causou muitas doenças entre escravos, principalmente à tuberculose.

Nas áreas da mineração houve uma grande mestiçagem entre negros e brancos. Para ter uma ideia, cerca de 250 anos atrás, os mulatos representavam quase um terço da população de Minas Gerais.

Por outro lado, o decréscimo da população negra escrava depois de 1850, quando é extinto o tráfico, deve-se a sua grande mortalidade, pois, segundos cálculos confiavam, a média de vida útil do escravo era de 7 a 10 anos. Mesmo assim, a sua influência povoadora em toda a extensão do Brasil se fez e se faz sentir, conforme demonstram todos os recenseamentos que foram feitos. O negro foi o grande povoador da nação brasileira durante a sua evolução social e histórica.

 

Problematizando:

  1. Quais foram os descobridores das minas de ouro em Minas Gerais?
  2. A exploração do ouro e dos diamantes era feita por escravos de mineiros ricos e também por homens livres que trabalhavam por conta própria. Quem eram esses homens livres?
  3. A vida dos escravos começou a ficar extinta devido a grande quantidade de extração de diamantes?

CAPOEIRA RUGENDAS, Johann Moritz. Jogar Capoeira ou Danse de la guerre, 1835.

Ao chegarem ao Brasil, os africanos perceberam a necessidade de desenvolver formas de proteção contra a violência e repressão dos colonizadores brasileiros. Eram constantemente alvos de práticas violentas e castigos dos senhores de engenho. Quando fugiam das fazendas, eram perseguidos pelos capitães-do-mato, que tinham uma maneira de captura muito violenta.

Os senhores de engenho proibiam os escravos de praticar qualquer tipo de luta. Logo, os escravos utilizaram o ritmo e os movimentos de suas danças africanas, adaptando a um tipo de luta. Surgia assim, a capoeira, uma arte marcial disfarçada de dança. Foi um instrumento importante da resistência cultural e física dos escravos brasileiros.

A prática da capoeira ocorria em terreiros próximos às senzalas (galpões que serviam de dormitório para os escravos) e tinha como funções principais à manutenção da cultura, o alívio do estresse do trabalho e a manutenção da saúde física. Muitas vezes, as lutas ocorriam em campos com pequenos arbustos, chamados na época de capoeira ou capoeirão. Do nome deste lugar surgiu o nome desta luta.

 

capoeira 2 Capoeira.S. ref.

 

“A capoeira é uma forma de expressão da cultura negra”. Surgiu entre os escravos do brasil colonial. Sob o disfarce de uma dança, os negros se exercitavam para a luta. Na atualidade, a capoeira é praticada por amais de 2,5 milhões de brasileiros e está presente em aproximadamente 50 paí­ses.  A capoeira entrou em clubes de classe média alta, em colégios e universidades, a partir do momento em que foi reconhecida como esporte pelo Comitê Olí­mpico Brasileiro.

 

Problematizando:

Após ler os textos, observar a pintura de Debret e a fotografia, responda:

  1. Quais são as semelhanças e diferenças observadas na pintura e na fotografia?
  2. Porque em ambas as imagens os personagens estão descalços? O significado é o mesmo?
  3. Qual o significado da capoeira no passado e no presente?
  4. Se você não tivesse lido os textos teria compreendido da mesma forma as imagens?

Reportagem: Mulher é presa suspeita de vender a filha por R$ 10 no Espírito Santo.

Uma mulher foi presa, suspeita de vender a própria filha de 8 meses por R$ 10,00. A mãe da criança, Ana Lúcia da Silva, 22 anos, foi encaminhada ao Departamento de Polícia Judiciária (DPJ) de Vila Velha, município da Grande Vitória (ES), e depois levada para o presídio feminino de Tucum. Segundo a polícia, o dinheiro seria usado para a compra de drogas.

Investigadores contaram que a mãe da menina chegou ao DPJ, completamente alcoolizada, sob efeito de outras drogas e sem condições de prestar depoimento. Quando pode ser ouvida, a mulher negou o crime.

O bebê passou por exames, foi medicado e levado para o abrigo da cidade. A mulher foi enquadrada por comércio de seres humanos.

A denúncia à polícia foi feita pela mulher que teria comprado a criança. A mulher disse que efetuou o pagamento após perceber que o bebê corria risco de vida. Logo depois da compra ela acionou a Polícia Militar. A mulher afirmou ainda que Ana Lúcia corria pela rua e oferecia a criança.

Após a prisão, a suspeita pediu a filha de volta. “Eu não fiz nada. Isso é uma grande injustiça que estão fazendo comigo”, disse.

Leilão de escravosLeilão de escravos, s. ref.

Problematizando:

Após ler a reportagem e observar a imagem responda:

  1. A venda, o leilão de escravos era uma prática comum somente aos EUA?
  2. Como era feita a venda de negros?
  3. Hoje em dia podemos encontrar este tipo de comércio? Onde?
  4. Após ser comprado, qual era a utilidade do negro?
  5. Porque nesta imagem o negro aparece de sapato?

anúncio Anúncio de fuga de escravo, Biblioteca Nacional, s. d.

Prooblematizando:

Após ler o anúncio responda as indagações:

  1. Procure no dicionário o significado da palavra anunciar?
  2. Para que serve um anúncio?
  3. Como Marcelino é descrito no anúncio?
  4. Você poderia comparar o anúncio da fuga do escravo Marcelino com que tipo de anúncio atual?

Quilombola S. Ref.

Quilombola é descendente de escravos negros cujos antepassados no período da escravidão fugiram dos engenhos de cana-de-açúcar para formar os agrupamentos de refugiados e de resistência chamados de quilombos, local isolado, formado por escravos negros fugidos.

Os quilombolas não pertencem somente ao passado escravista, eles sobrevivem na atualidade e continua como no passado, lutando por seus direitos, porque ainda são escravos do preconceito e da discriminação.

Adriano, site oficial.

Adriano Leite Ribeiro nasceu no Rio de Janeiro, em 17 de fevereiro de 1982 e foi criado no bairro da Penha, mais precisamente na favela da “Vila Cruzeiro”. Vindo de família humilde, com poucos recursos, Adriano contou com o apoio de todos de casa que se sacrificavam para que ele pudesse, um dia, se tornar um jogador de futebol. O pai de Adriano trabalhava com office-boy e sua mãe era revisora de roupas e também fazia faxinas, para poder custear as passagens de Adriano e para pagar o titulo de sócio do clube do Flamengo, além das mensalidades da escolinha de futebol. Até a avó materna ajudava vendendo doces e churrasquinhos na rua.

Adriano jogou no Flamengo até o ano de 2001. Lá obteve suas primeiras convocações para as seleções brasileiras. Após a sua passagem pelo clube brasileiro, foi vendido para o Internazionale, na Itália. Tinha então 19 anos.

Foi eleito pela imprensa italiana especializada como o melhor jogador estrangeiro da temporada 2003/2004, Já é considerado Rei. Ou melhor, “Imperador”.

 

Problematizando:

– Comparando Adriano com descendentes de quilombos reposnda as seguintes questoes:

  1. O que o quilombola tem em comum com o jogador Adriano? Explique.
  2. Porque o Quilombo dos Palmares era considerado um sério perigo pelos donos de engenho?
  3. O que aconteceria se não houvesse mais escravos? Quem faria todo o trabalho dos engenhos?
  4. Como era a organização dos quilombos?
  5. Durante o período da escravidão, se os escravos não tivessem fugidos para esses agrupamentos, será que hoje existiriam negros descendentes de escravos?

Problematizando:

– Reveja a Lei Áurea, Lei nº 3353 de 13 de maio de 1888. no Artigo 1º – É declarada extinta a escravidão no Brasil.

  1. Você considera importante esta Lei? Porque?
  2. Após a lei os escravos tiveram os mesmos direitos dos demais cidadãos? Tiveram trabalho digno? Qual a situação atual dos negros?
  3. Elabore uma lei para beneficiar os escravos, libertando-os e dando-lhes condições de vida digna.
  4. Porque que os fazendeiros, que precisavam de escravos para trabalhar em suas plantações, não empregavam ex-escravos?
  5. Compare a situação dos ex-escravos e seus descendentes, com a dos seus ex-senhores, mostrando: semelhanças e diferenças.

navio negreiro - castro alvesO navio negreiro, s. ref.

IV – Era um sonho dantesco… O tombadilho

Que das luzernas avermelhadas o brilho.

Em sangue a se banhar.

Tinir de ferros… Estalar de açoites…

Legiões de homens negros como a noite,

Horrendos a dançar…

Negras mulheres, suspendendo ás tetas.

Magras crianças, cujas bocas pretas.

Rega o segue das mães:

Outras moças, mas nuas e espantadas,

No turbilhão de espectros arrastadas,

Em ânsia e mágoa vãs!

E ri-se a orquestra irônica, estridente…

E da ronda fantástica a serpente

Faz doudas espirais…

Se o velho arqueja, se no chão resvala,

Ouvem-se gritos… O chicote estala.

E voam mais e mais…

Presa nos elos de uma só cadeia,

A multidão faminta cambaleia,

E chora e dança ali!

Um de raiva delira, outro enlouquece,

Outro que martírios embrutecem,

Cantando, geme e ri!

No entanto capitão manda a manobra,

E após fitando o céu que se desdobra,

Tão puro sobre o mar,

Diz do fumo entre os densos nevoeiros:

‘’Vibrai rijo o chicote, marinheiros!

Fazei-os mais dançar!…

E ri-se a orquestra irônica, estridente…

E da ronda fantástica a serpente

Faz doudas espirais…

Qual um sonho dantesco as sombras voam!…

Gritos, ais, maldições, preces ressoam!

E ri-se satanás!…

jose carlos José Carlos do Patrocínio. Fotografia em História da Literatura Brasileira”, 1916, de José Veríssimo.

José Carlos do Patrocínio é considerado o mais importante jornalista da abolição, orador, poeta e romancista, nasceu em campos Rio de Janeiro, em 09 de outubro de 1953. Era filho natural do padre João Carlos monteiro.

Dono de um texto requintado e viril, Jose do patrocínio tornou-se um articulista famoso em todo o país. Conheceu a princesa Isabel, foi proprietário da gazeta da tarde e transformou-se no’’ tigre do abolicionista’’.

Fundou em maio de1883, a confederação abolicionista.

estações ferroviárias

Luis Gonzaga Pinto da Gama, s. ref.

Luis Gonzaga Pinto da Gama nasceu na capital baiana em 21 de junho de1830.

Foi copista, advogado, jornalista, poeta abolicionista e revolucionário ele foi uma das personalidades brasileiros mais ativos de nossa história.

A vida de Luis Gama, um intelectual autodidata foi quase que integralmente dedicada á luta pela emancipação do povo negro.

QUINTINO LACERDA

Quintino Lacerda, s. ref.

Chefe do quilombo do Jabaquara e primeiro líder político negro de Santos. Nascido em 08 junho de 1839. Ele foi o mais atuante agitador da abolição no litoral paulista. Com a abolição Quintino, lança-se na luta política, incorporando, pela primeira vez, os negros ao processo político na cidade. Foi eleito a câmara municipal em 1895, porem faz eclodir uma crise política fomentada pelos setores racistas sua posse como vereador foi negada, a batalha judicial chega aos tribunais paulistas e termina com a vitória de Quintino.

Antonio Frederico de Castro Alves, nasceu em 14 de março de 1847em Curralinho, na Bahia.

 

Em 1864, após ser reprovado nos primeiros exames necessários para a admissão na faculdade, ingressa na faculdade de direito, porém dedica-se mais a poesia do que aos estudos.

Em 1868 vai para são Paulo e funda com Rui Barbosa, uma sociedade abolicionista. A obra de castro Alves o poeta dos escravos foi fortemente influenciada pela literatura de Vitor Hugo.

O poeta cultivou o egocentrismo, porém diferentemente dos românticos tradicionais interessou-se também pelo mundo que o cercava e defendeu a república, a liberdade e a igualdade de classes sociais.

Em seu poema navio negreiro castro Alves fala:

“Era um sonho dantesco… O tombadilho

Que das luzernas avermelha o brilho.

Em sangue a se banhar.

Tinir de ferros… Estalar de açoite…

Legiões de homens negros como a noite, horrendos a dançar…”

Problematizando:

  1. Pesquise o que significa sonho dantesco e tombadilho.
  2. Porque ele afirma que as luzes estão banhadas de sangue?
  3. O que é o tinir de ferros? Estalar de açoites? O que mais você sabe sobre essa questão?
  4. Quem são as legiões de homens negros como a noite?Por que ele se refere dessa forma?
  5. Relacione o trecho do poema de castro Alves com a escravidão brasileira?
  6. Analisando o trecho ‘’vibrai rejo o chicote marinheiros! Fazei-os dançar. ‘’De quem o poeta está falando nesse verso?
  7. Por que os abolicionistas mais conhecidos são negros ou filhos de negros?
  8. Qual a importância dos abolicionistas para a história do negro?

LUTHER KING

Martin Luther King, s. ref.

Nasceu em Atlânta Geórgia, no dia 15 de janeiro 1929, King ganhou o Prêmio Nobel e foi um dos principais lideres do movimento americano pelos direitos civil e defensor da resistência não violenta contra a opressão racial, após organizar o famoso boicote ao transporte público em Montgomery, em 1955.

Lutou por um tratamento igualitário e contribuiu para a melhoria da situação da comunidade negra, mediante a protestos pacíficos e discursos energéticos sobre a necessidade do fim da desigualdade racial. Em 1963, dirigiu uma marcha pacifica do monumento a Washigton até o Lincoln memorial, onde pronunciou seu discurso mais famoso: ‘’Eu tenho um sonho’’.

Martin Luther King, escreveu em seu discurso eu tenho um sonho: ‘’o negro vive em uma ilha só de pobreza no meio de um vasto oceano de prosperidade material’’.

Problematizando:

  1. O discurso “Eu tenho um sonho” foi escrito em 1963. Como os negros viviam e como eles vivem hoje?
  2. Ele ainda afirma: ’’ o negro ainda adoece nos cantos da sociedade americana e se encontram exilados em sua própria terra’’. O que Martin Luther King quis dizer nesse trecho?
  3. Apesar da escravidão ter sido abolida a muitos anos, o negro ainda sofre conseqüências dela : Que situações do dia-a-dia você pode apontar que mostrem a descriminação sofrida por eles?

Referências

PASSOS, Célia; Silva, Zeneide. História e Geografia: manual do professor. 1ª ed. São Paulo: IBEP, 2006.

HISTÓRIA: MANUAL DO PROFESSOR. São Paulo: Sistema Etapa. 2010.

nelson

Nelson Rolilahla Mandela, s. ref.

Mandela é um importante líder político da África do Sul, que lutou contra o sistema de apartheid no país.

Nasceu em 18 de junho de 1918 na cidade de Qunu. Mandela, formado em direito foi presidente da África do Sul entre os anos de 1994 e 1999.

O apartheid era o regime de segregação racial existente na áfrica do sul, que obrigava os negros a viverem separados. Os brancos controlavam o poder, enquanto o restante da população não gozava de vários direitos políticos econômicos e sociais.

 

Problematizando:

  1. O que você sabe sobre o apartheid?
  2. Mandela escreveu uma carta intitulada’’carta da liberdade’’. Na qual ele fala: ’’combati a dominação branca e combati a dominação negra. Acarinhei o ideal de uma sociedade democrática e livre em que todos pudessem viver em conjunto, em harmonia e com iguais oportunidades’’. Considerando o trecho, o que você pode perceber? Mandela está preocupado apenas com os negros da África do Sul?
  3. Em outro trecho ele afirma ‘’se quer formalizar o apartheid, não o apoiarei. Se quer apoiar a limpeza étnica, conte com nossa oposição. ’’
  4. Mandela fala sobre a discriminação racial. Pesquise e relacione outros paises que tiveram limpeza étnica?

Gráfico referente à população

grafico

Fonte: REIS, João José. Presença Negra: conflitos e encontros. In Brasil: 500 anos de povoamento. Rio de Janeiro: IBGE, 2000. pp: 91

Problematizando:

  1. Observando os dados estatísticos, porque na região sudeste encontra-se maior população escrava?
  2. Será que nessa região havia mais fazendas?
  3. Porque que na região sul tinha a menor quantidade de população escrava?

Gráfico referente à evolução brasileira, segundo a cor

grafico2

Fonte: REIS, João José. Presença Negra: conflitos e encontros. In Brasil: 500 anos de povoamento. Rio de Janeiro: IBGE, 2000. p: 94

Problematizando:

  1. Observando o gráfico referente à cor (branco, preto, pardo), qual será o motivo que a evolução de negros é tão baixa?
  2. A porcentagem de pardos foi crescendo nesses últimos anos, quase alcançando a porcentagem de brancos, o que teria levado a esse resultado?

Gráfico referente ao desembarque

grafico 3

Fonte: Brasil: 500 anos de povoamento. Rio de janeiro : IBGE, 2000. Apêndice: Estatísticas de 500 anos de povoamento. p. 223

Problematizando:

  1. Observando o gráfico referente ao desembarque, porque que houve grande quantidade, de 257,500 negros africanos entre 1846 a 1850, e diminuiu bruscamente entre 1851 a 1855 para 6,100 negros?

FEITORES CASTIGANDO NEGROS

DEBRET, Jean Baptiste. Feitor castigando negros (Sem data)

As descrições de testemunhas variam, mas a realidade na sua essência é uma só: o negro escravo vivia como se fosse um animal. Não tinha nenhum direito, e pelas Ordenações do Reino podia ser vendido, trocado, castigado, mutilado ou mesmo morto sem que ninguém ou nenhuma instituição pudesse intervir em seu favor. Era uma propriedade privada, propriedade como qualquer outro semovente, como o porco ou o cavalo.

INSTRUMENTOS DE FERRO Instrumentos de Ferro. Acervo do Museu Histórico Nacional, Rio de Janeiro, 1835.

Os instrumentos de ferro de “castigos e penitências” eram usados para punir e submeter os escravos: algemas, palmatórias, gargalheiras (espécie de coleira presa ao pescoço do cativo) etc.

escravo com máscara DEBRET, Jean Baptiste. Escravo com máscara de flandres, 1835.

Usados para prender, transportar, maltratar ou sujeitar os escravos, os instrumentos de ferro faziam parte do patrimônio das fazendas e das casas. Eram correntes, algemas, cadeados, grilhões, colares, tudo para garantir a submissão dos negros escravos pela tortura e degradação.

escravo no pelourinho DEBRET, Jean Baptiste. Escravo no Pelourinho sendo açoitado, 1835.

O açoite era a pena aplicada ao escravo, usava-se para isso do “bacalhau”, chicote feito com cabo de madeira e de cinco tiras de couro retorcidos ou com nós. Nas fazendas era utilizado para punir pequenas faltas ou acelerar o ritmo de trabalho, com algumas lambadas. Nos casos de delitos graves, o castigo era exemplar, sendo assistido pelos demais escravos. Era comum a surra-de-carro, no qual ficava o negro amarrado em um carro de boi, de bruços e braços abertos para receber as chicotadas.

Problematizando:

Observe as pinturas de Debret e a foto com instrumentos de tortura e responda as indagações:

  1. Descreva as imagens.
  2. Como e para que eram utilizados os instrumentos de castigo e penitência?
  3. O que era o pelourinho?
  4. Observe atentamente a pintura de Debret, “O escravo no pelourinho”. Você consegue perceber este tipo de castigo, tortura, nos dias de hoje? Onde? São praticados da mesma forma?

aluá DEBRET, Jean Baptiste. Aluá, Limões Doces e Cana-de-Açúcar. Acervo Museu Castro Maya, 1826.

Debret destacou-se pela forma alegre de inserir o negro na sociedade brasileira, em especial na cidade do Rio de Janeiro, sendo o grande responsável por construir o imaginário do cotidiano brasileiro, herdado do colonialismo português.

Nesta aquarela temos uma profusão de cores ao destacar as vestimentas das mulheres de ganho em suas atividades de comércio ambulante; cores que reforçam as expressões serenas e alegres, capazes de produzir dubiedade sobre as condições econômicas e sociais das mesmas. O fundo da tela retrata o centro da cidade do Rio de Janeiro, com pessoas nas portas das casas, uma carruagem a passar e o morro edificado ao fundo.

vendedores de flores


10 Respostas to “Escravidão negra em São Paulo e no Brasil”

  1. Estou interessada em informações sobre a história da escravidão na cidade de São Paulo, SP. As autoras, ou os leitores, têm indicação de literatura a respeito que possam compartilhar? É para pesquisa pessoal apenas, no intuito de entender e conhecer o mapa da escravidão nos bairros paulistanos. Agradeço qqr colaboração nesse sentido.

  2. Fico satisfeito em ver bons textos de História do Brasil e parabenizo ao(s) autor(es) por este trabalho.
    Vou divulgar este endereço junto aos meus alunos.
    Prof. João Dioni

  3. Excelente artigo, e de extrema utilidade para os licenciados em História, e para os pesquisadores da área de Ciências Sociais. Parabéns aos autores!

  4. Entrei aqui para fazer um trabalho e fiz, obrigado por compartilhar com a gente

  5. Eu simplesmente achei muito rico o material postado. Parabéns aos organizadores por manterem viva a nossa história!

  6. Excelente site sobre a escravidão…Parabéns

  7. QUE ABSURDO

  8. adorei

  9. As histórias são muito boas, deviam escrever um livro. Quem tá dizendo isso é uma criança chamada julia rodrigues.

  10. Fico arrepiado, sou um negro que tenho conhecimento dessa história. Que vontade de ter vivido essa época. Robson do Chocolate

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